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Guia de orientações práticas em como agir diante do Trauma.

TRAUMA. SUPERAÇÃO.

Orientações

A população geral é afetada pelas características traumatogênicas do mundo contemporâneo, tais como: incremento da velocidade; ansiedade aumentada; dificuldade de controle dos impulsos; acirramento da competitividade; aumento da instabilidade, da imprevisibilidade e da insegurança; propagação do medo; difusão da impotência; fragmentação das funções materna/paterna; aumento da solidão; comprometimento da capacidade empática; tendência ao individualismo; incremento da rivalidade em detrimento da solidariedade; desamparo; crise de valores; sentimento de inutilidade; estímulo exacerbado ao consumo; ilusão de alcance da felicidade, da completude ou da superioridade através do consumo (drogas; álcool; alimentos; objetos); imediatismo e aumento da dificuldade de suportar frustração.​


Estudos epidemiológicos revelam que a massiva maioria da população sofreu ou sofrerá um ou mais eventos potencialmente traumáticos como perda de entes queridos, acidentes, violência, hospitalização, conflitos inter-pessoais graves, catástrofes naturais ou causadas pelo homem, entre outros. Em torno de 10% da população geral apresenta Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e 30%, TEPT parcial, enquanto grupos de risco podem apresentar prevalência do transtorno entre 52% e 87%. Os indivíduos com TEPT têm probabilidade três vezes maior para emersão de outros transtornos, comorbidades e/ou queixas somáticas.



Pesquisadores em todo o mundo estabeleceram uma forte relação entre o trauma psicológico e o desenvolvimento de TEPT, transtorno depressivo, transtorno de personalidade, transtorno somatoforme, dores crônicas, fobias específicas e fobia social, automutilação, suicídio, comportamentos de alto risco e abuso de substâncias (como drogas e álcool). Traumas psicológicos podem também exercer significativa influência em comportamentos com isolamento social, distorções de percepção da identidade pessoal e alterações da crítica e do julgamento, sem necessariamente caracterizar um transtorno.​


Os transtornos somatoformes decorrentes do trauma como dor de cabeça, gastrite, alergias, palpitações entre outros são com freqüência subdiagnosticados pela desinformação sobre o possível impacto do trauma psicológico e a prevalência do TEPT. As múltiplas expressões secundárias ao trauma diminuem as chances para o diagnóstico assertivo ocorrer, enquanto quadros mais conhecidos como a depressão, enxaqueca, fibromialgia, etc., são abordados primeiramente. Por outro lado, se as causas não forem tratadas as queixas em geral se tornam crônicas com prejuízos crescentes à qualidade de vida. O expressivo número de pessoas afetadas pelo trauma psicológico requer tratamento especializado. A psicoterapia tem sido indicada como a primeira linha de tratamento ao trauma, por ser a estratégia mais relevante para diminuição do risco de cronicidade. O tratamento adequado precoce pode evitar a configuração do TEPT, a emersão de comorbidades assim como o deslocamento de sintomas para expressões somáticas.​

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